Quando foi que deixamos de querer agradar as mulheres?

por Léo Luz

Eu tenho uma teoria que tenho certeza que um dia, algum cientista social de Harvard vai escrever um artigo sobre ela e ser capa do New York Times, enquanto eu vou ser um daqueles velhos frustrados cuja maior glória da vida é ter pensado em inventar o feltro pra botar nos pés da cadeira pra não arranhar o chão, mas outra pessoa veio, patenteou primeiro e ficou milionária.

Enfim, depois dessa frase de quase cinco linhas, lá vai a minha teoria: eu acho que a derrocada da civilização ocidental começou no exato momento em que os homens pararam de fazer as coisas para impressionar as mulheres e começaram a querer mudar o mundo em tempo integral. Antigamente, tudo o que um homem fazia era para impressionar as mulheres – ou uma mulher em especial, fosse esse o caso. O sujeito começava a escrever, a tocar violão, a cantar, a pintar, a estudar, o sujeito queria até ser presidente da república para conquistar uma mulher. Tenho certeza de que o primeiro pensamento de um homem até dez anos atrás, quando ele chegava à presidência de um país, era “Meu Deus do céu, imagina quanta mulher eu não ia pegar se eu fosse solteiro?”.

E o mundo assim era muito melhor. Vejam bem, não estou defendendo a falta de ideologia nem nada disso, longe de mim. Até porque, um homem que quer impressionar uma mulher ou as mulheres, vai se esforçar muito mais do que um homem que luta por uma ideologia. Uma ideologia pode ser falha. Pode fracassar. Você pode começar a duvidar dela. Mas um homem nunca se cansa de agradar as mulheres. Um presidente dos Estados Unidos se esforçaria muito mais para evitar uma guerra com o objetivo de impressionar aquela ex-namorada pacifista do que se ele fosse pensar em poupar milhões de vidas inocentes. Inocentes podem ser poupados em outra oportunidade, mas um homem só tem uma chance de impressionar uma mulher, isso é fato. Eu não tenho a menor dúvida de que Napoleão só queria conquistar o mundo para poder chegar para uma mulher e dizer: “Ah, não foi nada demais, era só o mundo”.

Como eu disse: o interesse de um homem por mulheres não acaba nunca. Ele pode até deixar de gostar de mulher, mas nesse caso tudo o que eu já disse continua valendo, mas para impressionar outros homens, ou homens e mulheres. O sujeito pode deixar de ser de esquerda. Pode desistir de tentar salvar as baleias. Ele pode se render à estupidez humana e cansar de lutar contra as guerras. Ele pode até desistir da música ou da escrita e fazer um concurso pro Banco do Brasil. As ideologias estão em constante perigo, pendendo na corda bamba acima de um penhasco de cem metros de altura. Elas estão sempre à mercê da paciência, da persistência e da instabilidade humana.

Um comunista empertigado pode virar um capitalista mesquinho do dia para a noite. Um político honesto pode se corromper por um fim de semana em Iguaba Grande em uma pousada com café da manhã grátis e seresta na praia de noite. Mas eles jamais mudariam seus planos se seu objetivo fosse impressionar uma mulher. Ouso dizer que se todos os homens tivessem isso como objetivo, a corrupção acabaria, pois todos iriam querer se gabar de mostrar a capa da revista de domingo com a sua foto e a legenda: “Floriano Fernandes: o último político honesto”.

Homens com esse objetivo são fiéis aos seus princípios e não desistem nunca. O grande problema do mundo atual é que as pessoas estão fazendo a coisa certa, mas pelos motivos errados. E nenhum motivo é um motivo melhor do que impressionar aquela mulher do segundo período da faculdade que não queria nada com você, mas que agora que você ganhou um Oscar ou um Nobel de Medicina, ela vai ver só. Nenhum.

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