Papo com a leitora: Joyce, as viagens pelo mundo e o estilo de vida diferente

Caro Fred – sim, tenho intimidade com você.

Me chamo Joyce, tenho 25 anos e mais história na memória que roupas na bagagem. Tenho lembranças de quando me prenderam em Amsterdã por engano, de quando fui atropelada por uma bicicleta em São Paulo e tenho sempre na memória as vezes em que pude entender outro idioma pela primeira vez. Aos 15 anos, perdi meus pais e irmão em um acidente. Com dezoito saí da casa dos meus avós para viajar.

Tenho vivido à 7 anos como nômade. Trabalhado como tradutora freelancer. Tenho vivido em países diferentes e adotado estranhos como irmãos. Mas o que tenho para falar com você é, em verdade, questionamentos. Voltei há 1 mês para o Brasil e tudo que tenho escutado são criticas. Tios, primos e avós, dia após dia, me criticam. Dizem que meu estilo de vida é mundano, que meu cabelo curto não combina com um rostinho tão delicado, que minha belíssimas tatuagens de releitura de Dali são detestáveis, que minhas comidas são estranhas e que ninguém precisa falar outros idiomas.

Veja bem, depois ter sofrido tanto com tão pouca idade, fiquei anestesiada quanto a opiniões alheias. Mas a curiosidade, que sempre foi meu maior defeito, me mata às vezes. Apesar de você ser novo e menos calejado, tenho visto que tem uma visão otimista acerca de muita coisa. Sendo assim, te pergunto, por que o ser humano critica o que o assusta ou o que é estranho à sua normalidade? Por que as pessoas deixam o amar pra mais tarde e se preocupam tanto com o julgar?

Você tem resposta pra isso?
Espero que sim. Viajo hoje, mas estou sempre acompanhando seu blog e carreira de algum ponto do mundo. Obrigada pela atenção e pelo o que costuma escrever.
Até os textos com tom erótico e não humorístico,  já me fizeram sorrir mais que o necessário – eu disse que éramos íntimos.

Espero esbarrar contigo um dia.

Atenciosamente, Joy!

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Oi Joy – também tenho intimidade com você.

Digamos que resposta seja uma palavra muito forte. Mas, com ou sem respostas, preciso admitir que a tua história é demais, heim?

Confesso pra ti que também ouço muitas críticas – ainda mais com a exposição que tenho. Perdi muitos colegas e ganhei muitas inimizades por sair do meu meio usual, do centrinho de cidade pequena. E, por mais que eu continue o mesmo, hoje, para muitos, não sou mais o mesmo. Ouço repetidamente de colegas que escrever é coisa de gay, que “qualquer coisa se eu perder o emprego vou criar um blog” e todo esse tipo de coisa. Meus amigos e familiares são engenheiros, médicos, advogados, e eu? Sou o que? Escritor? Blogueiro? Infelizmente não tem como ganharmos o mundo sem perder um pouco do nosso mundinho. Mas, só a gente sabe como é ser o mistério que somos. Sei também todos os motivos de cada escolha minha e assim carrego comigo os desafetos das minhas decisões, mas faz parte, não é?

O fato é que existem coisas que podemos entender e coisas que, infelizmente, só podemos aceitar. Até porque tentar entender tudo seria coabitar com a própria loucura. Mas a solução é que as críticas devem, sempre que possível, rebater nos sonhos. Confia em mim, te manda, abraça o coração de quem quer ser abraçado e deixa a tua vontade de viver te levar de ombros leves e pés firmes.

Viaje por mim e por todos que acham suas tatuagens, e rotinas, atípicas. E, sempre que possível, vá nooooos contando aqui nos comentários sobre suas viagens.

PS: E um dia vamos nos esbarrar, claro que sim! Espero que seja em Barcelona perto de algum Mosaico de Gaudí ;)

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Se você quiser enviar suas histórias, seja engraçada, surpreendente, bonita, triste, sexual, de amor, envie para: [email protected] com o título “Papo com a leitora:” e se tiver mande imagens e um breve resumo da história. Queeeeeeem sabe essa ideia não pega? Ihaaaa!

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