O silêncio do espaço

Eis que aqui estou novamente, entre tantos hiatos em nossas vidas, viagens para outros mundos, episódios que quase me fogem à memória. De toda forma não sei como vim parar aqui orbitando em volta desse teu planeta, não me pergunte. Estou imerso nesse infinito entre teu sorriso e teus olhos, e como em um transe viajo no tempo e espaço. A bordo de minha Astronave, tento juntar os fragmentos perdidos em minha memória para descobrir onde tudo isso começou, mas sem muito sucesso.

Continuo viajando espaço adentro em minha mente quando em algum momento, com uma sensação de vertigem, seus pés gelados me despertam para a realidade em meu corpo quente por alguns instantes.

Não quero olhar para o relógio, ele não vai me dar qualquer informação útil, mas por algum motivo sei que as horas lá fora estão voando como minutos aqui dentro. A temperatura lá na Terra também não nos interessa, temos um edredom nessa nossa confortável nave em forma de colchão a qual compartilhamos.

Aqui tudo é diferente: a lógica não faz sentido e pouco a pouco vou perdendo os meus junto aos teus. De repente um único beijo na testa vale mais do que dez tocando teus lábios. Aquele carinho atrás da orelha consegue, de alguma forma, ser a maior conexão que eu possa estabelecer junto ao encontro de duas pupilas, e por fim não precisamos trocar uma única palavra: só aqui dentro nessa imensidão espacial no silêncio do vácuo consegue falar muito mais do que qualquer palavra pronunciada de nossas bocas.

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