Eu ainda…

Eu ainda checo a minha caixa de e-mails freneticamente. De cinco em cinco minutos estou eu lá. E quando está carregando as novas mensagens, eu rezo que a promoção de iPod super-maneiro seja substituída por um “oi, tudo bem?”. Eu só queria que um dos e-mails diários que eu recebo de “aumente seu pênis” fosse um “vamos parar de bobagem e ir tomar aquele cappuccino?”.

Eu ainda tenho a mania idiota de ligar do telefone do trabalho pro meu celular só pra ver se está funcionando, porque se você lembrar de mim, tentar me ligar e por algum motivo ele não estiver funcionando, eu me mato. Também ainda ligo e desligo o pobre coitado quinze vezes ao dia, só pra procurar área de novo e ter certeza que não recebi nenhuma mensagem. Nunca é um e-mail bacana, meu celular sempre funciona e nada.

Eu ainda leio o que você escreve e morro de vontade de te perguntar o que eu posso fazer pra tirar esse peso das tuas costas. Será que você não quer dividir o seu mundo comigo? Eu ainda tenho certeza que não, ainda tenho esperança que sim.

A minha ansiedade ainda me faz escrever várias páginas sem nenhum sentido quando não são em primeira pessoa, talvez porque a primeira pessoa que me faz escrever é você. Ainda continuo sendo impulsiva e, confesso, ainda ando tendo paixões fugazes por aí. Em todas elas, eu ainda espero te encontrar.

Não, eu ainda não mudei. Em compensação, você mudou muito. E eu ainda acho que essa mudança poderia ter sido menos dolorosa pra você e pra mim.

Eu ainda lembro aquele dia que mesmo fazendo oito graus, eu senti um calor desumano. Ainda lembro, também, daquela conversa que nós tivemos e de quando eu te disse que não queria casar contigo no outro dia. Só eu sei o quanto eu queria te perguntar onde tinha uma igreja e um padre, mas eu ainda lembro que você tem medo de amar.

Depois de tanto tempo, eu ainda busco explicações pra nossa sintonia e pro dia em que ela simplesmente se foi sem explicação. Eu ainda não entendo como em tão pouco tempo você se tornou a parte mais charmosa do meu mundo, como eu pude te querer tanto e como eu coloquei a minha alma numa bandeja pra te entregar.

Impossível de esquecer o dia em que nós passamos a noite inteira na mesma festa sem nos falarmos. Ainda lembro das menininhas dando em cima de você e da minha cara borrada no espelho do banheiro, morrendo de medo de sair e te ver com qualquer uma delas. Ainda dói saber que tudo podia ter sido tão diferente.

Ainda espero por um sinal de vida teu. E se a tecnologia não ajudar, pode ser por carta, bandeira, sinal de fumaça. Na verdade eu ia achar ainda mais bonito. Eu ainda espero que você consiga me surpreender, porque a normalidade da vida me dá ânsia de vômito e eu ainda tenho aquela minha pior mania: de ainda acreditar que a gente pode dar certo.