Dinheiro traz felicidade?

Ganhar muito dinheiro? É óbvio que eu quero. Mas quero por motivos bem peculiares e diferentes daqueles que eu tenho ouvido por aí, acredite.

Não desejo carros luxuosos ou coberturas em bairros nos quais o metro quadrado custa mais do que meu rim esquerdo (o direito já não vale nada, pois está lotado de pedras não preciosas).

Não faço a mínima questão de ter acesso a camarotes de baladas nas quais pessoas ocas requebram uniformizadas e a champanhe faísca, implorando por atenção.

Não ligo para jacarés bordados no peito e ainda não endoidei a ponto de pagar caro para me tornar um outdoor ambulante de marcas que nada me dão em troca. Prefiro o basicão, juro. No máximo, uma camiseta com uma mensagem engraçada ou uma estampa que, de mim, seja capaz de dizer bem mais do que Abercromb… Enfim.

“Então por que você deseja enriquecer, Ricardo?”, muitos me perguntarão.

Quero enriquecer para não precisar mais olhar o preço nos cardápios, contar moedinhas no fim do mês ou sofrer por causa da expiração sempre precoce dos meus pontos em programas de fidelidade.

Quero ficar bonado para acordar minha namorada bem no meio da noite e, em vez de perguntar se ela está a fim de um copo de água, apenas afirmar: “Amanhã jantaremos uma pizza bem suculenta, em Roma!” Já consigo imaginar a cara dela…

Quero ganhar dinheiro suficiente para, ao meu amor, dar a seguinte sugestão: “Está com calor? Está irritada com o seu chefe? Que tal um Mojito para refrescar a alma e a mente, em Cuba?” Ou informar algo como: “Prepare o gogó, pois na próxima sexta vamos assistir a um show dos Rolling Stones, em Londres. E depois de muito pular, meu bem, caso ainda tenha alguma força nas pernas, faremos uma horinha em frente ao Big Ben e daremos um rolê na London Eye, aquela roda-gigante gigante de verdade. Que tal?” Se ela ficaria feliz? Pra c******! Como eu sei? Ela já sorri de orelha a orelha quando eu a convido para um chopinho na Vila Madalena ou quando arrumo uns ingressos para o Lollapalooza.

Quero ficar rico só para fazer uma festa surpresa – e realmente surpreendente! – à moça que eu amo. Já pensei em tudo, tim-tim por tim-tim, ó: o Buddy Valastro fará um bolo em formato de balão, o Ami James (do NY Ink) vai colar na banca só para tatuar os convidados, o Jamie Oliver fará um nhoque para rebater a ressaca da galera e, para dar um toque especial e entreter as nossas amigas do peito, o Adam Lavine será contratado para cantar, dançar e sensualizar. Curtiu a ideia? Mas é só para as amigas de verdade, viu? Tá bom, tá bom… Eu guardo uma foto do Adam de cueca para você.

Quero ser rico para dar, à minha amada mãe, um sapato e uma violeta por dia, durante anos. Onde ela guardará tudo isso? Darei, também, uma casa com guarda-roupas e jardim imensos. E, ao meu pai, darei um veleiro. Se ele sabe velejar? Claro que não! Mas eu contrato uma professora norueguesa, e ele, rapidamente, vai se tornar “profissa” como um Schurmann. Ou naufragará feliz, entre o sol e o tesão, o que me parece um dos melhores e mais poéticos fins.

Em resumo: quero enriquecer, principalmente, para ser capaz de realizar os sonhos (dos menores aos mais malucos) das pessoas que eu amo; porque, nesta vida, poucas coisas me dão tanto prazer. Ou seja, o dinheiro gasto em prol do sorriso dos nossos amores, com certeza mais do que absoluta, traz felicidade. E muita!

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