Conhecer pessoas é um dividir de alegrias

Gosto de conhecer pessoas. Gosto de amá-las por um dia. Ou dois. Meses. Conhecer seus sonhos e levá-los comigo na garupa das minhas viagens – internas, ou não. Gosto de amigos e beijos. Não necessariamente dos amigos. Gosto de ser feliz ao lado de pessoas momentâneas e esquecê-las no olhar, mas não no coração viajante e notívago. Gosto de falar sacanagens de alento quente no ouvido das mulheres que me comem com os olhos. Se é que elas existem. Gosto de pincelar histórias de mãos juntas e recordar como quem lembra, com tesão, o quão gostoso é sujar-se de tinta a dois.

Por esse mundo e minhas viagens, digo em voz de sussurro – para fazer um charme, claro – que a compreensão mútua entre duas pessoas que querem se curtir é a melhor porta para um caminho de felicidades sem pudores e explicações.

Quando, sento-me ao lado de um senhor de cabelos grisalhos numa praça qualquer para conversar sobre os devaneios da vida, de como tenho dificuldade em lavar colheres ou como considero – DEUS! – imperdoável a capacidade que algumas pessoas têm de colocar ketchup na pizza, naquele momento, estamos trocando sorrisos, carinho e reciprocidade de história. E isso, a meu ver, é impagável. Eu sorri, ele sorriu, fim.

Quando, jogo ela na cama, coloco suas pernas em meus ombros – provavelmente nesse momento baterá uma saudade – e depois, de orgasmos e gemidos pouco contidos, deitamos com olhares de exaustão feliz e assim conversamos sobre os nossos passatempos esperando o folego para a próxima perna e o próximo ombro, significa que trocamos o máximo de nós sem nos perdermos nas expectativas alheias. Ela gozou, eu gozei, fim.

Conheço pessoas e me uno à suas histórias como se fossem um livro que despertou-me o tesão de devorá-lo. Mas, logo, o livro termina e o que guardo são as suas histórias e a compreensão de mundo que ele me deixou. E como um bom livro, deixo-o guardado no meu criado-mudo rente a cama, para sempre que possível, lembrar de como foi gostoso lê-lo e devorar suas páginas repletas de exclamações alegres.

As coisas podem ser tão simples e gostosas – sim, ao mesmo tempo. Então, deixe que as suas trocas, de histórias e salivas, sejam complementares. Se entregue às pessoas que passam na rua e deixe que elas se entreguem a você. Não dê menos, para esperar mais. Dê mais, para receber, de si, mais. Com certeza, o que sou hoje é culpa das pessoas que pincelaram histórias, de mão colada, comigo. E talvez, eu tenha nascido desse jeito, com vontade de caminhar sozinho pelo mundo, mas sempre ao lado de pessoas inéditas que queiram trocar beijos, abraços e histórias.

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