A esbórnia na era da informação

Às vezes me questiono quando foi que perdi o romantismo pelas palavras, pelos longos textos. Hoje vivemos na era da informação e nós, meros mortais desejamos a informação rápida, curta e precisa. Algo como resumir clássicos literários de Goethe, Nietzsche e Bruna Surfistinha num papel de bandeja do Mc Donalds.

Não obstante, os seres humanos não se contentam mais com um simples telefone celular capaz de realizar chamadas. Luxo era ter uma lanterna e rádio. Hoje queremos smartphones com wifi, 3G, acesso ao Facebook, Twitter, Foursquare e fotos no Instagram. Se não der para ligar, tudo bem, ainda rola um Whatsapp!

Adiante com o assunto, vejo como os computadores estragaram com nossa deturpada massa cinzenta. A esbórnia se tornou de fácil acesso e se multiplica mais do que latinhas em dia de micareta. Lembro-me dos árduos tempos na década de 90 onde se utilizava o saudoso mIRC para compartilhamento de putaria virtual, porém hoje na era da informação, estou a apenas dois clicks de ver (em alta-definição) o que eu quiser!

Acabaram-se os tempos onde ter um sentimento de cagaço aliado com excitação em ir para a banquinha e conseguir uma revista Playboy aos 12 anos o colocava em posição de vanguarda frente a seus colegas de escola (lembro-me até hoje aos 10 ter descolado a playboy da Adriane Galisteu raspando sua perseguida). Sem contar é claro na árdua tarefa em conseguir escondê-la!

Como se não bastasse tudo isso, há uma tendência até mesmo no mais sagrado dos antros da sacanagem: O motel.

Durante toda sua existência, partindo de sua concepção, o motel foi criado para um único propósito: da fornicação não reprodutiva (conhecida por recreativa). Num passado não muito remoto, era trendy levantar a moral com aquela pessoa especial e pagar uns trocados a mais para ter acesso à suíte bacana com piscina (esperma incluso) e até uma claraboia.

Hoje nos deparamos com uma tendência assustadora. Quartos com televisão 3D Full HD de 60”, Blue Ray, Internet Wireless, conexão para seu smartphone no sistema de som Dolby 5.1, sauna com controle de temperatura, além de promoções para quem der “check-in” no recinto.

Vou mais adiante, os motéis perderam seu aspecto dirty, aquelas camas redondas ou em forma de coração e o espelho sujo no teto. Hoje as suítes mais parecem mostras de decoração assinadas por qualquer arquiteto famoso do que o antro do sexo culposo.

Concluindo, os motéis hoje mais parecem estar voltados para o wellness do que para a fornicação em si. Não fica difícil me imaginar lendo uma revista Men’s Health (ou qualquer outra bem trouxa) pelo tablet na cama, ao lado de minha respectiva, lendo sua Caras ou Marie Claire. Ou então simplesmente ambos revezando entre Angrybirds e Facebook…

Por fim, concluo que em um motel somos incentivados a fazermos de tudo, menos o bom e velho sexo. Com tal gama de entretenimento, a única que acaba de fato sendo fodida, nada mais é do que minha carteira ao tirar algumas onças e garoupas.

Post-scriptum: salvem o drive-in da modernização.