A arte de render-se

O amor é guerra, o amor é arte, e por vezes posso até pegar aquele conhecido livro de Sun-Tzu para elaborar algumas estratégias no campo amoroso. Muito embora os homens superiores apreciem fazer as pazes, vou à direção contrária, gosto de travar algumas batalhas.

Quando se trata dessa guerra, tudo o que aprendemos vira de pernas para o ar: o oponente que não é bem inimigo, e até por vezes amigos podem não ser os melhores aliados. Tudo é muito primitivo, intuitivo e principalmente construtivo. Lutamos para construir pontes, estradas e qualquer outro vínculo que nos ligue ao dito alvo.

Não preciso declarar em voz alta, você é perspicaz e percebe um “inimigo” por perto. Dou um passo na sua direção, você recua. Paro por um instante, uma pequena trégua é dada e novamente parto ao ataque: consigo arrancar um sorriso, quem sabe dois e ganho um combate. Você não quer ficar para trás e me surpreende logo de cara, veste sua melhor armadura, e junto com um hipnotizante perfume consegue me deixar sem reação.

Perdi essa batalha e não tenho vergonha em confessar, aliás, como posso sentir uma estranha sensação tão prazerosa ao ser derrotado?

Você se sente vitoriosa e tem a certeza de que está no controle, sinto que está na hora de mudar meus planos. Uma retirada estratégica, um passo para trás e logo sinto um movimento teu em minha direção.

E assim é nossa arte de se relacionar e querer um conquistar ao outro: algumas batalhas a teu favor, outras a meu. Não queremos vencer pelo cansaço, tampouco desejamos que alguém abandone seu posto antecipadamente já que batalhas fáceis não nos satisfazem e gostamos de oponentes a nossa altura.

Por fim, após tantas batalhas travadas me dou conta que a arte de render-se não está em levantar, mas sim em dar as mãos.

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