7 filmes do cinema indie que você talvez não conheça, mas deveria

O cinema indie tem uma graça diferente porque geralmente parte de uma ideia apaixonada botada em prática por algum diretor corajoso, e ele nem precisa ser estreante. Ideias com propostas novas, ousadas menos mercadológicas, acabam rendendo menos projeção por revelarem um cinema mais autêntico, geralmente aclamado em festivais, por contar histórias de forma autônoma, sem atender a certos estereótipos exigidos por obras mais comerciais.

Nessa lista , que eu indico abaixo, você além de se esbaldar com deliciosas amostras de um cinema mais “festivalesco” e autoral, também vai conhecer garotas ou mulheres surpreendentes, e cada uma, a sua maneira, tem algo bem importante para te dizer sobre a vida.

1 – Hannah

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Um filme que possui um universo difuso, frenético, rebelde, e que aborda a vida de uma menina de 14 anos, cheia de traços dóceis, mas de essência selvagem, vivendo uma aventura completamente adulta que faz com que ela passeie por arquétipos sem que consigamos desvendá-la com facilidade, e esse dilema existencial, esse deseliquilibrio de certezas é a tônica no caminho da narrativa.

O longa não chega a ser onírico, mas pouco flerta com o realismo, e a trilha tem um inesperado e sempre elétrico Chemical Brothers, e ainda revela uma Cate Blanchet perigosa, fazendo uma criminosa assustadora, amarga e elegante. “Hannah” é aquela aventura que talvez tenha lhe passado despercebida, mas que sem dúvida merece a sua chance.


2 – Submarine

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Das coisas que li sobre esse longa, uma que não me fugiu jamais: “Submarine é um filme refrescante”. De fato existe um “ice”, um ardido que depois gela dentro da zona de conflito sediada pelo filme. 

Trata-se de uma subversão indie agridoce das mais deliciosas. Jordana, a protagonista, é um manual cheio de maus-exemplos para dar, e isso inclui botar fogo em tudo por aí; sua constante é justamente perder o controle, seu gênio contrasta com o do namorado Oliver que parece despreparado e passivo para lidar com o inesperado, mas que aprende com ela a submergir em meio ao imprevisto, abrir o olho embaixo d’água e saber respirar na profundidade incomoda de um “submarino” chamado juventude.


3 – O casamento de Rachel

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Eu sou fascinado por filmes que trazem famílias separadas pelo tempo e que um belo dia por algum motivo festivo ou não, se reúnem para que se desencadeie um jogo de verdades afiadas pelas mágoas entre os presentes.

O pretexto nesse longa é o casamento da personagem Rachel, mas quem vai disparar a metralhadora é a irmã da noiva, Kym (Anne Hathaway) uma dependente química que recebe permissão de sua clinica de reabilitação para ir ao matrimonio, e que a partir de sua fragilidade e de algumas provocações, acaba sendo o estopim para que se inicie aquela típica lavagem de roupa suja familiar que o cinema adora. Entre choros, desabafos e mágoas vamos entendendo quem é cada personagem, e isso vai nos aproximando das inclinações de cada um, até que já estamos julgando menos, e quando vemos, estamos completamente sensibilizados por identificação. Nesse caso, tão interessante quanto acompanhar enredo, é olhar pro nosso julgamento e perceber nossas (não aleatórias) variações.


4 – Frances Há

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Uma personagem que se descola dos estereótipos modernosos e nos presenteia com um desjeito cheio de carisma e flancos da melhor ingenuidade atrapalhada.

“Frances Há” é um filme em preto e branco completamente desprendido do lado pretensioso de Manhattan, e que escolhe pequenos momentos salutares nas ruas do Brooklin para ilustrar a amizade, a vida, o amor, o brinde e a decepção. É uma fábula it sobre quem começa a dançar, de repente, no meio da rua, sem mais nem menos, porque a vontade veio, ou porque sorrir pra si mesmo é coisa das mais bem-vindas. Frances é nossa amiga, mas nem imagina.


5 – Um beijo roubado

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Sinestesias, sabores visuais, canções com glacê; Norah Jones se empresta como atriz, a uma tentativa que rende um romance cheio de borbulhos cósmicos com Jude Law.

“Um Beijo Roubado” é sobre o espaço sentimental que existe entre o charme incerto do roxo e as garantias cínicas do cor-de-rosa. Um longa que se derrete feito um love-song de lábios melados e glicoses coloridas. Aquele tipo de Road-movie que coloca a estrada como uma possível brecha de consciência, para olharmos para o medo que nos invade, mesmo que o amor fique temporariamente em banho-maria.


6 – Jovens adultos

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Charlize Theron auto-antagoniza Marvin, a ex-garota mais popular de sua escola (linda, loira e de ressaca) que perdeu a juventude de fronte ao espelho ao invés de olhar para os lados.

Um belo dia, insatisfeita com a sua realidade frustrante ela resolve ir atrás de seu antigo amor escolar com a falsa ilusão de que o tempo pausou para que um dia ela voltasse para recuperá-lo. Seu estado de espírito beira a neutralidade, nem bad, nem feliz, tão pouco reagente. Um reflexo desestimulante, metaforizado pela Coca Zero de 2 litros, velha, quente, choca e sem gás que ela ENGOLE em certos momentos do filme.


7 – O Futuro

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Miranda July além de diretora e atriz é também uma escritora, artista plástica e performer; e isso contribui de maneira notória na criatividade de sua obra. Barulinhos e coloridos que nos causam sensações, Miranda parece nos experimentar em seus filmes: somos cobaias poéticas a serviço de suas invenções cheirosas.

Há um estranhamento previsto quando acompanhamos “O futuro”, o título diz muito sobre esse longa, que possui uma suavidade, um tutti frutti,, um mundo em que é preciso sorrir, ou gritar, ou se descabelar, antes que a vida perca o oxigênio da graça.

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