5 lições sobre a vida que aprendemos com o axé dos anos 90

Eu tenho certeza de pouquíssimas coisas na vida. Uma delas, talvez a mais óbvia, é de que um dia todos nós vamos morrer. A outra, menos óbvia, porém não menos certeira, é de que você PRECISA ver Breaking Bad para sua vida fazer mais sentido. E a última é de que você já quis ter um shortinho da Carla Perez para dançar Axé 2000 nos intervalos da escola.

Não importa se hoje você é indie, punk, rapper ou gospel: você já passou por debaixo da cordinha, já gritou “olha o kibe!” com Cumpadi Washington e já segurou e amarrou o tchan dezenas de vezes.

Para relembrar essa fase tão saudosa – ou nem tanto assim – da vida de todos nós, hoje seres que trabalham, estudam, se reproduzem, votam e se envolvem em barracos épicos por causa de preferências políticas às vésperas das eleições, nada melhor do que tirar a botinha da Carla Perez do fundo da sapateira, jogar “Axé 2000” no YouTube e se entregar à boquinha da garrafa.

1. Tudo começo-ou a um tempo atrás na Ilha do So-ol

Você sempre ouviu por aí que amor de verão não sobe a serra. Mentira. Balela. Ledo engano. Netinho é a prova viva disso. Afinal, ele conheceu Milla, a famosa estrela das mil-e-uma-noites-de-amor-com-você, depois de uma temporada na Ilha do Sol. E como se não bastasse ter ficado com uma ferida-aberta-como-tatuagem, ele subiu a Imigrantes com esse amor no coração e compôs a música mais chiclete de todos os tempos, que foi hit nas micaretas, nas viagens de formatura da quarta série, nas aulas de lambaeróbica e até nos almoços de família dos anos 90.

2. E o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o debaixo desce.

Podia ser Karl Marx. Mas eram As Meninas dando uma verdadeira aula sobre a lógica do capital. Que promove, por meio da exploração da mais-valia, um abismo socioeconômico e uma verdadeira luta de classes entre o proletário, que detém a força de trabalho, e o burguês, que é o dono dos meios de produção. Sabe o que faltou para Luciana Genro deixar seu discurso mais compreensível à população e angariar mais votos? Ter ouvido As Meninas nos anos 90.

3. A cor dessa cidade sou eu

Você está fodido. Não tem pai, não tem mãe. Não tem amigos. Não tem dinheiro. Não tem um hobby. Não tem alguém pra chamar de meu amor. Não tem bateria no celular. Não tem a chave de casa. Não tem tempo. Não tem dignidade. Aí você toma quatro cervejas no boteco mais fuleiro da cidade e sai entoando “A cor dessa cidade sou eeeeu”. Não há depressão que resista. Daniela Mercury e seu Canto da Cidade são um verdadeiro hino em prol da autoestima. Porque você pode não ter nada. Nem o direito de cuspir no chão. Mas a cor dessa cidade é você, meu amigo.

4. Como eu digo ao meu coração que você não volta mais, não?

Clássico dilema que aflige nove entre dez seres humanos: a discordância entre corpo e coração. O corpo aceita o fim e até já está todo saidinho atrás de outras distrações. Mas o coração, meu filho, esse ainda sofre. Ele não volta mais, não. Terminou por Facebook, começou a namorar outra uma semana depois de largar você e não devolveu aquele seu DVD favorito. Mas o coração não assimila. Então, a qualquer mínimo sinal de bebedeira, ele te faz se rebaixar e ligar para o ex se declarando. E aí já viu, né? É ressaca moral na certa. E quem paga? O corpo.

5. Porque eu sei que amar a pé, amor, é lenha

Amar a gente ama de qualquer jeito. A pé, de bike, de patinete, de carroça. Mas é inegável que o carro dá uma cobertura que qualquer outro meio de transporte não dá. Você conhece alguém que deu uns pegas loucos dentro de um estacionamento montado numa bicicleta? Eu também não.

NOTA DA AUTORA: Antes que me perguntem “CADÊ É O TCHAN?!”, adianto que procurei com muito afinco, mas não encontrei nenhum ensinamento nas músicas deles. E que parei essa coluna no meio umas cinco vezes pra jogar as mãozinhas pra cima e dançar Olodum. Pode falar, pode rir de mim.

Sdds, Axé Bahia.

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